Cresci a ouvir rádio. Os sons que saíam daquela pequena caixa alimentavam a minha imaginação, mudando em definitivo o meu mundo, formação e cultura. Noites longas de estudante que se entrincheirava no quarto longe dos ouvidos dos pais para escutar o “Em Órbita” – pioneiro dos programas de autor de Jorge Gil, José Gil, Manuel Violante, Pedro Albergaria e João Manuel Alexandre, tendo Cândido Mota como primeira voz - ou a “Vigésima Terceira Hora” e mais tarde “O Rock Pode Esperar”, “Morrison Hotel” e o “Rotação”. Livros escolares e ondas hertzianas definiram a minha adolescência.
Comecei a ouvir o António Sérgio, pioneiro dos programas de autor, pela altura do ciclo preparatório com o “Rotação”. A sua inigualável voz e o imenso prazer que sentia em dar música às pessoas, conquistaram-me definitivamente com o saudoso “Som da Frente” nas tardes da Comercial de segunda a sexta, entre o “Vapor” de José La Féria e o “Rock em Stock” de Luís Filipe Barros - que marcaram a geração de 80 e a diferença de fazer rádio -. Durante o programa, para que muitos dos meus amigos se preparavam com a famosa cassete, dei por mim a ouvir os Japan, Wire, Bauhaus, Echo, Gun Club, Cure, Joy Division, Pere Ubu, entre muitos outros. Um detalhe que nunca me esqueço é o do tema de abertura do programa, já nos anos 90 e num horário nocturno: “Dreams Burn Down” dos Ride.
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